Afiliados Brasil 2025: tendências e futuro do marketing digital

A edição do Afiliados Brasil 2025, o maior evento do setor na América Latina, reuniu os principais especialistas em marketing de afiliados, tráfego pago, copywriting, inteligência artificial, criação de conteúdo e empreendedorismo digital. Realizado ao longo de três dias no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, foram mais de 70 palestrantes, 60 palestras e 45 horas de conteúdo de alto nível.

O último dia do evento trouxe reflexões práticas e tendências que devem guiar o mercado nos próximos meses. Para Ton Baraldi, engenheiro aeronáutico formado pelo ITA e empresário do segmento digital, ter sucesso no segmento não depende de uma ação isolada. “O maior marketing não é uma campanha. É um sistema vivo, baseado em dados, testes e ajustes constantes”, afirmou. Segundo o executivo, qualquer mudança no funil de vendas pode transformar completamente os resultados. Entre as dicas que compartilhou estão a diversificação de produtos e a simplicidade nas criações, já que são os criativos enxutos e com uma ideia clara. 

Outro player foi Vitor Moro, considerado o segundo maior brasileiro a expandir negócios no segmento de nutracêuticos. Ele compartilhou os bastidores de sua operação internacional e deixou um conselho claro: não copie. “Entenda o que deu certo e por quê. O segredo é criar tendências”.

A base para isso é uma pesquisa estratégica sólida, que considera desde ofertas americanas já amplamente consolidadas até produtos brasileiros que performaram bem no exterior. “O diferencial não está no produto em si, mas no posicionamento certo, com inteligência de mercado desde o primeiro passo”, pontuou Moro.

Fechando o último dia, Heitor William, head de planejamento orgânico da Cosmetics Full Service e criador de conteúdo, reforçou a importância dos microinfluenciadores e da presença digital ativa para marcas que querem vender de verdade. “Microinfluenciadores têm uma audiência nichada e conseguem gerar conteúdo que ressoa. Eles entregam tanto em seus próprios perfis quanto nos canais da marca”, disse. William também destacou a importância de manter conteúdos criativos com qualidade e tráfego pago. “Isso cria autoridade e, como consequência, mais vendas”. 

Gambling

O encerramento do Afiliados 2025 foi marcado por reflexões profundas sobre os rumos do mercado de iGaming no Brasil. Caio Ruiz, coordenador comercial estratégico da Ana Gaming, trouxe uma nova perspectiva na palestra “Da Atração à Retenção: Como a Visão de CRM Ajuda o Afiliado a Escolher Operadores Vencedores”. 

Ruiz questionou a abordagem tradicional dos afiliados, focada apenas na atração de novos usuários, e defendeu uma atuação mais estratégica baseada no LTV (lifetime value). Segundo ele, é fundamental que o afiliado avalie o ciclo de vida do jogador e a capacidade das casas de apostas de manter esse público engajado.

Ele listou os principais pilares para fidelizar: produtos de qualidade, experiência do usuário, comunicação segmentada, programas VIP, bônus inteligentes, suporte eficiente e, novamente, jogo responsável. Ruiz também incentivou os afiliados a testarem as plataformas como consumidores, analisarem o atendimento, investigarem a reputação online e fazerem perguntas críticas aos operadores antes de fechar parcerias.

Já Filipe Alves Rodrigues, membro da Comissão Especial de Direito dos Jogos Esportivos Lotéricos e Entretenimento da OABRJ, abordou o tema “O Jogo Responsável e o Ecossistema de iGaming”, destacando os avanços e desafios da regulamentação no setor. 

Segundo Rodrigues, o jogo responsável deve ser entendido como um conjunto de normas que visam proteger o apostador – não apenas do vício ou de perdas financeiras, mas também do uso excessivo de tempo que pode comprometer outras áreas da vida.

Rodrigues alertou para os riscos da manipulação esportiva, quando jogadores e pessoas ligadas a clubes se envolvem com redes criminosas para alterar resultados. Também comentou sobre o PL 2985, aprovado no Senado nesta semana, que limita a atuação de afiliados e influenciadores, restringindo a publicidade em diferentes canais e impedindo atletas de promoverem apostas até cinco anos após a aposentadoria. A proposta ainda precisa ser aprovada na Câmara dos Deputados, mas, se avançar, trará grandes impactos. 

Ele também destacou a evolução do mercado entre 2018 e 2024, período em que a ausência de regulamentação criava um cenário instável. Agora, com normas estabelecidas pelo Ministério da Fazenda (SPA/MF), o setor passa a operar sob pilares como licenças, tributação, integridade, responsabilidade social e regras rígidas de publicidade. As campanhas publicitárias precisam seguir princípios como veracidade, proteção a menores, e obrigatoriedade de mensagem de advertência sobre jogo responsável.