DOS PODCASTS AOS ASSISTENTES VIRTUAIS… É A VEZ DO ÁUDIO

Estratégias de marketing de voz possibilitam consumo de conteúdo, serviços e produtos por meio do áudio

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DOS PODCASTS AOS ASSISTENTES VIRTUAIS… É A VEZ DO ÁUDIO

Será que vivemos na era do áudio? O conteúdo em voz tem ganhado cada vez mais relevância na rotina dos usuários de internet. Só nos últimos anos, muitas ferramentas e funcionalidades relacionadas se tornaram populares. Entre elas, estão os podcasts, redes sociais (como o Clubhouse e a função de Espaços no Twitter), assistentes virtuais (Alexa da Amazon) e até
mesmo o crescimento da comunicação em áudio pelo Whatsapp, Instagram e outros mensageiros.

A tendência, inclusive, não é mera percepção: segundo a Voicebot.at (empresa especializada em tecnologia de voz), estima-se que cerca de 75% dos lares norte-americanos terão, pelo menos, um assistente virtual até 2025. Além disso, um estudo da PwC mostrou que essa é a tecnologia mais adotada pelos consumidores, superando até mesmo os aplicativos móveis.

Tal boom não passou despercebido pelas empresas, que têm adotado estratégias específicas para ferramentas e funcionalidades em áudio.

É aí que entra o marketing de voz, uma estratégia que utiliza a tecnologia de reconhecimento de voz para se comunicar com os consumidores. E isso acontece por meio de criação de conteúdo otimizado para assistentes virtuais ou até personalização da experiência do cliente pela interação por áudio.

Apesar de ser um método ainda pouco explorado pelas empresas, o marketing de voz possui um enorme potencial de mercado. Principalmente para quem deseja se destacar em meio à concorrência.

Bruna Thalita, especialista em branding, marketing e estratégia digital, sinaliza que essa ponta do marketing é a que mais cresce atualmente. “Conteúdos como podcasts, e-books, narrados por voz em publicações jornalísticas, bem como os sistemas de controle por voz como Alexa e Siri, vão ganhando cada vez mais espaço no mercado por causa da sua facilidade no consumo de conteúdo”.

Com consumo rápido, prático e simultâneo, o conteúdo por áudio tem se tornado muito presente narotina do público, principalmente pela facilidade de inseri-lo em outras atividades. “Há uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) que diz que a população brasileira passa cerca de 2:28h por dia no trânsito. Assim, podemos perceber que esse é um excelente espaço para ser preenchido com o marketing de voz, já que as pessoas podem consumir tal conteúdo por meio do celular e um fone de ouvido”, completa.

Tal hábito foi registrado pela “The Infinite Dial 2019”, uma pesquisa realizada pela Edison Research em parceria com a plataforma de áudio Pandora. O estudo revelou que 70% dos norte-americanos ouvem podcasts enquanto realizam outras atividades, como trabalhar, caminhar, dirigir ou praticar exercícios físicos. Além disso, a maioria dos ouvintes consomem pelo menos uma hora desse tipo de conteúdo.

Além do viés de entretenimento, o áudio também aparece como solução e otimização de tempo. “Desde que a Siri e a Alexa foram introduzidas no mercado, muitas das nossas atividades digitais já são feitas utilizando esses recursos, como pesquisas, solicitações de ligações ou de agendamento no calendário, verificação do clima em determinado lugar. Essas tecnologias aliadas à inteligência artificial vão se tornando cada vez mais fortes e necessárias no dia a dia”, explica.

Inclusive, a grande relevância dos formatos em áudio transformou a interação, conexão, consumo e relacionamento entre audiência e influenciadores ou marcas. “O marketing de voz se torna uma ponta importante e necessária na comunicação, fazendo parte até mesmo de uma visão Omnichannel e de experiência do cliente. Logo, é uma ponte necessária de atenção, cuidado e de execução da empresa”. Ela também destaca que o áudio auxilia pessoas com dificuldade de leitura, humaniza o conteúdo e constrói um relacionamento de conexão e lealdade.

Mas por que as marcas devem prestar atenção ao marketing de voz? Pois os usuários já estão buscando as ferramentas para consumo. Uma pesquisa da HubSpot descobriu que 19% dos consumidores usam assistentes de voz para pesquisar produtos ou serviços antes da compra.

“O marketing de voz se torna uma ponta importante e necessária na comunicação, fazendo parte até mesmo de uma visão Omnichannel e de experiência do cliente”

Além disso, o relatório “State of Voice Assistants 2021”, da Audio Analytic, revela que os usuários estão cada vez mais confortáveis em colocar os assistentes de voz em compras e pagamentos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 24% já compraram produtos ou serviços por meio do assistente de voz, enquanto 21% realizaram até pagamentos por meio deles.

O número é ainda maior segundo o Consumer Electronics Shows (CES) de 2021, que aponta que 44% dos consumidores utilizam a voz para compras on-line.

O FUTURO É AGORA

Apesar do formato já fazer parte das estratégias de divulgação, o marketing de voz ainda não é a solução mais popular em publicidade. Por isso, é fundamental que as marcas e produtores de conteúdo estejam atentos às tendências e transformações do mercado. De um lado, as empresas podem utilizar o formato para difundir seus produtos e serviços. Do outro, é mais um espaço de monetização para os influenciadores.

Bruna Thalita explica o marketing de voz como um facilitador para o consumo de conteúdo, compra e venda. “Já pensou poder fazer uma compra de supermercado enquanto anda pela sua cozinha e fala em voz alta os itens necessários? Ou ainda receber uma notificação do aplicativo perguntando se gostaria de repetir a compra do mês passado?”, reflete.

Mas tal praticidade para o usuário pode ser uma grande transformação dentro das empresas, que ainda não enxergam o marketing de voz como um aliado. Isso porque a jornada de compra passará por mudanças, sendo fundamental entender os hábitos dos consumidores para fornecer uma excelente experiência ao cliente. “A tendência se refere tanto ao consumo de conteúdos e aprendizado, como para o varejo que provavelmente vivenciará uma transformação ainda maior do que o próprio e-commerce já representou para o setor”.

Além disso, é importante ressaltar que a tecnologia passa por constantes mudanças, atualizações e novidades. Avaliando os últimos anos, o mercado viu a popularização dos assistentes virtuais, o crescimento da tecnologia de reconhecimento de voz e o boom da inteligência artificial. Por isso, as empresas precisam entender os novos formatos para buscar maneiras de se conectar com os clientes.

“O marketing de voz abre novas possibilidades de venda cruzada e up-sell, permitindo que as empresas ofereçam produtos e serviços relevantes e personalizados com base no histórico de compras e nas preferências do cliente”, sugere. A especialista ainda comenta os formatos de conteúdo de marketing feitos pelas empresas, como podcasts, flash briefings e tutoriais
em áudio que podem ser facilmente acessados por meio de assistentes virtuais. “Isso permite que as empresas alcancem e se envolvam com seus clientes de uma maneira mais informal e direta, aumentando a lealdade do cliente e a conscientização da marca”, completa.

Para o futuro, Bruna Thalita acredita que o marketing de voz irá impactar o mercado varejista e até o relacionamento entre marcas e clientes. “Assim, ferramentas de busca, SEO e algoritmos precisarão estar preparados para cada vez mais entender as buscas por voz e estarem integrados com os mesmos”, explica. Ela acredita que as empresas conseguem se antecipar ao estarem atentas e preparadas para a mudança. “Os acessos por voz podem facilitar a jornada de compras e também o funcionamento da empresa, uma vez que os próprios colaboradores podem se beneficiar na conferência de estoque, por exemplo”.

O BOM E VELHO “BOCA A BOCA”

Apesar do marketing de voz estar relacionado à tecnologia, também é importante levar em conta o bom e velho “boca a boca”. O Marketing Manager de educação da H-Farm, João Fernando Saddock, relembra que o formato também tem crescido com o aumento do uso das redes sociais e dispositivos móveis. “Isso ocorre porque as pessoas estão cada vez mais conectadas e propensas a compartilhar suas experiências com amigos e seguidores. Um exemplo disso é a popularidade dos grupos no Facebook, Telegram e Whatsapp, onde os membros compartilham recomendações e conselhos sobre produtos e serviços”, explica.

A proximidade, mesmo que virtual, com amigos, familiares e pessoas do círculo acaba ampliando o alcance das indicações ou experiências negativas. E esses relatos são levados em conta por boa parte dos consumidores.

Saddock

Um estudo da Nielsen aponta que 92% dos consumidores confiam nas recomendações de amigos e familiares – mais até do que outra forma de publicidade. Além disso, a Ogilvy divulgou que 74% dos consumidores identificam o boca a boca como um fator-chave na decisão de compra.

Saddock ressalta, ainda, que o marketing “boca a boca” possui baixo curso de execução, o que torna a estratégia atraente para pequenas e médias empresas. “Em vez de investir pesadamente em anúncios pagos, as empresas podem focar em fornecer produtos e serviços de qualidade, incentivando os clientes satisfeitos a compartilhar suas experiências de forma orgânica”. Segundo ele, também é possível envolver parentes e colaboradores.

E a estratégia dá certo. Um estudo da Harvard Business Review descobriu que os clientes que foram indicados por amigos ou familiares têm uma taxa de retenção 37% maior do que aqueles que encontraram a empresa por outros meios. Já uma pesquisa da American Express revelou que 90% dos consumidores dizem que o boca a boca é a maior influência em suas decisões de compra quando se trata de pequenas empresas.

Saddock ainda aponta 3 pilares importantes que podem beneficiar as empresas: credibilidade, efeito viral e ROI (Retorno sobre Investimento). Além disso, ele incentiva algumas práticas que podem auxiliar as estratégias de marketing boca a boca, como pedir avaliações e depoimentos, benefícios para clientes fiéis, programa de recompensas e monitoramento de feedbacks nas redes sociais.

6 PRÁTICAS PARA TER SUCESSO COM O MARKETING DE VOZ

Bruna Thalita

1. Criar conteúdo de qualidade: o conteúdo é a base do marketing de voz. Por isso, é importante criar conteúdo de alta qualidade que seja útil e informativo para o seu público-alvo. Isso pode incluir podcasts, vídeos, flash briefings e outros formatos de áudio.

2. Identificar seu público-alvo: é importante saber para quem você está criando. Identifique quem é o seu público-alvo, quais são suas necessidades e desejos, e crie conteúdos que o atraia e o mantenha engajado.

3. Otimizar para pesquisa por voz: com a crescente popularidade dos assistentes virtuais – como a Siri, a Alexa e o Google Assistente -, é importante otimizar seu conteúdo para a pesquisa por voz. Isso inclui usar palavras-chave relevantes, criar respostas curtas e objetivas e fornecer informações precisas e úteis.

4. Personalizar a experiência do usuário: o marketing de voz permite uma experiência altamente personalizada, onde as empresas podem se comunicar com seus clientes de maneira mais direta e pessoal. Personalize sua estratégia de marketing de voz para atender às necessidades individuais do seu público-alvo.

5. Aproveitar a integração de voz com outras tecnologias: o marketing de voz pode ser integrado a outras tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT), para criar experiências de usuário ainda mais imersivas. Considere como a tecnologia de voz pode ser usada em conjunto com outras tecnologias para fornecer experiências incríveis para seus clientes.

6. Pense no tom de voz: quando falamos em marketing de voz é muito importante entendermos qual tom estamos usando nessa voz, porque isso reforça a forma como o usuário se conectará com a marca, e a forma como a marca deseja estabelecer essa conexão.