Número de mulheres no mercado de apostas atinge 51%

Publicado em 27 de maio de 2025

As apostas esportivas, ou “BETs”, como ficaram conhecidas, têm se mostrado um negócio cada vez mais lucrativo em solo brasileiro, sobretudo após esforços de regulamentação. Contrariando a ideia de que a prática é predominantemente masculina, a pesquisa “Mulheres nas Apostas”, realizada pela Associação de Mulheres da Indústria de Gaming (AMIG), em parceria com a KTO, demonstrou que 51% do público apostador é feminino.

Para João Fraga, CEO da Paag, techfin que oferece soluções tecnológicas para o segmento iGaming, esse aumento representa uma oportunidade de expandir o mercado para um público que é diferente do masculino. “As apostas esportivas sempre foram desenhadas com foco no público masculino. O crescimento da participação feminina mostra que o setor precisa evoluir. Ajustar produtos, comunicações e experiências para esse perfil não é apenas necessário, é estratégico para quem quer crescer no mercado regulado com relevância.”

De acordo com o levantamento, a maioria das apostadoras têm entre 18 e 39 anos, com ensino superior, faz parte da classe média e se distribui majoritariamente entre as regiões de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Além disso, 85% dessas mulheres utilizam dispositivos móveis como meio de acesso às plataformas e 65% têm o futebol como modalidade preferida.

70% das entrevistadas afirmam encarar a atividade como uma forma de entretenimento ou socialização, enquanto os outros 30% enxergam as apostas como oportunidade de investimento. Essa tendência, aliada à pesquisa da B3 que apontou que o número de investidoras em renda variável registrou um crescimento de 85% entre os anos de 2020 e 2024, demonstra que as mulheres têm buscado maior protagonismo financeiro e conquistado espaço no campo dos investimentos.

Apesar do risco de perda financeira, quando comparadas aos homens, as apostadoras demonstram um perfil mais cauteloso e responsável. Embora 40% delas aposte semanalmente, uma parcela significativa (37%) procura limitar os gastos a R$200 por semana, além de estarem mais propensas a aderir a ferramentas de controle para evitar vícios. Outro sinal de cautela, é a busca por informações antes de jogar, a maioria procura por notícias esportivas (20%), usam repertório próprio (19%) ou consultam de conhecidos (16%).

Ainda no universo das apostas esportivas, a participação feminina também tem sido de grande importância no âmbito das empresas que fornecem tecnologia para o setor. Elisa Mussolino, Gerente de Projetos Estratégicos da Paag, destaca a participação feminina no setor de fintech e tecnologia e conta sobre os principais desafios que as mulheres ainda enfrentam no setor.

“Significa estar em um espaço desafiador e, ao mesmo tempo, cheio de oportunidades. Representa uma jornada de perseverança, aprendizado contínuo e superação de obstáculos que, muitas vezes, envolvem neutralizar estereótipos de gênero. As mulheres nesse espaço podem se tornar grandes agentes de mudança, contribuindo para soluções mais criativas, inclusivas e inovadoras. Acredito que nossa forma de pensar e decidir será cada vez mais reconhecida, agregando valor nas empresas destes setores”, pontua.

De maneira geral, as informações obtidas pelo estudo demonstram uma lacuna mercadológica e de representatividade a ser preenchida, por meio de propagandas e interfaces que busquem atrair ainda mais o público feminino. Para tal, é necessário o rompimento com a noção de que o iGaming, principalmente quando ligado ao esporte, é majoritariamente masculino.