Perpétuo ou lançamento? Eis a questão!

Publicado em 24 de junho de 2025

No marketing digital, a escolha entre vendas na modalidade perpétua ou concentração de esforços em lançamentos representa uma decisão estratégica para produtores de conteúdo e afiliados. Isso porque elas possuem características que vão além da simples cronologia: enquanto uma funciona como um fluxo constante, a outra cria picos de alta atividade em períodos específicos.

Brunno Tassitani, especialista em produtos digitais com mais de 200 mil cursos vendidos no modelo perpétuo, define o lançamento como um evento. “Você tem uma data de começo, meio e fim, o que causa dois efeitos: urgência e escassez. Esses pontos puxam a conversão para a frente”. O perpétuo, porém, funciona a partir de outro fluxo. “As pessoas compram por uma necessidade que já está criada em sua mente e não por uma data”.

Ronny Saran, estrategista digital especializado em lançamentos, traça a diferença com base em ritmo e dinâmica. “No perpétuo, você vende todos os dias. Isso permite ajustes constantes, análise diária de métricas e uma previsibilidade maior, apesar das margens geralmente serem menores. Já nos lançamentos, você trabalha criando um grande movimento: gera expectativa, aquece o público e concentra as vendas em um curto espaço de tempo”.

Qual modelo escolher?

A decisão deve considerar o perfil do negócio, do afiliado e do nicho de mercado. Para Tassitani, o perpétuo pode ser ideal para negócios saudáveis, devido à facilidade de otimização diária e correção rápida de estratégias que não funcionam. “Se você errar hoje, pode corrigir amanhã, aumentar o orçamento no que está indo bem e tudo certo”, explica.

Como principal vantagem, ele traz o fluxo de renda recorrente e previsível diariamente. “Já a maior desvantagem é a ausência de um pico de venda expressivo em um curto espaço de tempo”, compara.Saran pondera que o perfil do afiliado também deve ser considerado. “O perpétuo é ideal para iniciantes porque oferece mais segurança. Você pode testar com investimentos menores, aprender com o processo e ajustar a rota rapidamente. Já os lançamentos exigem mais experiência e estrutura”. A natureza do produto e do nicho também influencia a decisão. “O perpétuo funciona bem para produtos de ticket baixo/médio e alto volume de busca. Lançamentos são mais indicados para produtos únicos, com forte apelo emocional ou autoridade do especialista – onde o efeito do ‘evento’ faz diferença”, observa Saran. Ele ainda aponta que é necessário ter inteligência estratégica, preparo financeiro para investir antes de ter um retorno e, se possível, proximidade com o produtor para acessar a audiência e otimizar campanhas.

Matemática na prática

Frequentemente, afiliados iniciantes são seduzidos pelo glamour dos grandes lançamentos, buscando faturamentos expressivos em curtos períodos. No entanto, uma análise dos números pode revelar cenários surpreendentes. Tassitani apresenta um exemplo comparativo entre os modelos. Um lançamento que faturou R$ 100 mil em sete dias, após descontar custos de captação de leads, produção e comissões, resultaria em cerca de R$ 35 mil líquidos para o estrategista. Ao dividir pelo tempo total de trabalho (mais de dois meses entre planejamento e execução), o valor diário ficaria em torno de R$ 522. Ele aponta que esse mesmo valor poderia ser obtido com apenas duas vendas diárias de um produto mais acessível no modelo perpétuo, com muito menos complexidade operacional e sem a necessidade de um produtor especialista em comunicação ao vivo.

Juntos são mais fortes

Se perpétuo e lançamento possuem vantagens distintas, por que não combiná-los? Essa abordagem híbrida pode ser uma solução robusta para afiliados que buscam equilíbrio entre estabilidade e picos de faturamento. “Toda base de um perpétuo pode e deve ser usada para um pico de vendas ou lançamento”, afirma Tassitani, reforçando que a estratégia é uma campanha de vendas e não um modelo de negócio.

Saran complementa que o perpétuo garante a manutenção da operação, com vendas diárias e previsibilidade, enquanto os lançamentos entram como picos de faturamento, usando gatilhos de antecipação e urgência. “O segredo é usar o perpétuo para aquecer a base e manter o fluxo constante, enquanto prepara lançamentos estratégicos ao longo do ano”.
O especialista destaca ainda o valor do pós-lançamento. “É uma mina de ouro: muitos leads que não compram na abertura de carrinho podem ser nutridos e convertidos depois via campanhas, especialmente com ofertas de ticket mais baixo”.

Para fugir dos erros comuns

O caminho para o sucesso como afiliado está repleto de armadilhas que podem ser evitadas com conhecimento e planejamento adequados. “O maior erro é achar que o 6 em 7 vai chegar no primeiro lançamento e ter um excesso de frustração”, alerta Tassitani, referindo-se à expectativa irrealista de alta conversão logo de início.

Outro erro é achar que as vendas irão acontecer automaticamente após rodar um anúncio, como reforça Saran. “Muitos não fazem as contas direito e esquecem que, como afiliado, você trabalha com uma margem menor”. Mas, para ele, outro ponto pode dificultar o sucesso de uma venda: copiar cegamente a estratégia do produtor sem entender o que está por trás daquilo. “O afiliado precisa dominar o básico: planejamento financeiro, conhecimento do nicho, entender a persona e saber ajustar suas campanhas”, reforça.

De olho no futuro

Tassitani identifica uma mudança significativa no comportamento do público em relação aos produtos digitais. Segundo ele, as pessoas estão participando cada vez menos de lives de lançamen
to, o que torna esse modelo menos eficaz, a não ser que se trate de um nicho pouco explorado ou que o profissional seja um comunicador fora da curva

E ainda destaca: “No perpétuo você não precisa ser uma estrela, só deve ensinar algo útil. No lançamento, o expert tem que ser bom em ao vivo”, compara. Por outro lado, Saran é positivo e enxerga uma evolução na mentalidade de negócios. “A tendência é clara: pensar no longo prazo. O foco não será mais só na primeira venda, mas no LTV – o valor do cliente ao longo dotempo. Sai de cena a visão do lead descartável e entra a construção de uma jornada contínua”. Ele reforça que, em ambos os modelos, quem pensar em funis mais amplos – para manter o cliente engajado – pode sair na frente. “O jogo vai ser cada vez mais sobre relacionamento e recorrência, não apenas o impacto de uma única campanha. No final, o foco é tratar leads como ativos valiosos, que podem comprar de você várias vezes, e não apenas como números em uma lista”.

*Por Ju Duarte

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