Um terremoto chamado Inteligência Artificial

Publicado em 11 de junho de 2025

 

*Por Alessandro Padin

A inteligência artificial (IA) e a automação estão transformando profundamente o marketing digital, especialmente no que diz respeito à captação e conversão de leads. Ferramentasinovadoras estão surgindo para otimizar processos, oferecendo novas formas de personalização, eficiência e agilidade. Mas como essas tecnologias estão moldando o setor e o comportamento dos consumidores? Como as empresas podem tirar o máximo proveito dessas ferramentas para melhorar sua estratégia de captação e conversão?

Com mais de 15 anos de experiência, Kenneth Corrêa, palestrante TEDx especialista em Dados, IA e Metaverso e diretor de Estratégia da Agência 80 20 Marketing, ressalta que o marketing digital está em constante evolução e as ferramentas de IA são um dos principais motores dessa transformação. Para ele, que também é professor de MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e na Avado Learning (Inglaterra), o futuro é extremamente promissor.

A evolução, salienta, não se limita ao sucesso de soluções como o ChatGPT, que transformou a criação de conteúdo, mas também inclui outras inovações, como o Perplexity.ai, que aprimora a pesquisa em tempo real, e o NotebookLM, do Google, que permite análises profundas de textos. “Uma das maiores tendências que estamos vendo é a integração de ferramentas”, afirma. Kenneth Corrêa reforça que muitas empresas já estão criando fluxos de trabalho automatizados, conectando plataformas que se alimentam mutuamente, economizando tempo e aumentando a produtividade. Aplicações como tactiq.io, que grava e transcreve reuniões, exemplificam esse movimento. Mais do que isso, geram resumos acionáveis, criando um processo de trabalho mais eficiente e estratégico. No entanto, o que está por vir pode ser ainda mais revolucionário: sistemas multi–agentes, onde agentes independentes trabalham em conjunto, realizando tarefas complexas sem supervisão constante. “Podem, por exemplo, escrever um artigo otimizado para SEO, agendar sua publicação, promover nas redes sociais e acompanhar o desempenho, tudo de forma integrada e autônoma”, explica.

Gestão estratégica

Apesar do grande potencial, muitas empresas cometem erros ao adotar IA. Um dos principais equívocos é tratar as ferramentas como soluções prontas, sem considerar a necessidade de ajustes constantes e gestão estratégica. Corrêa dá como exemplo o e-commerce Amaro, que implementou um chatbot que, inicialmente, fornecia respostas genéricas. Porém foi apenas depois de aprimorar o treinamento e fornecer mais contexto sobre produtos e políticas, que ele passou a entregar uma experiência satisfatória para os clientes.

Outro erro comum é definir processos sem considerar a experiência do usuário. “A IA acelera a execução, mas a estratégia precisa ter um toque humano”, alerta o especialista. O uso de ferramentas de criação de anúncios, como o Pencil, pode gerar resultados automatizados, mas que não estão alinhados com a identidade da marca ou com as necessidades do público-alvo. Além disso, é fundamental garantir a qualidade da informação. A IA é eficaz quando alimentada de forma precisa e bem estruturada.

O caso da imobiliária QuintoAndar, que melhorou a diferenciação entre leads qualificados e curiosos após refinar a coleta de dados de navegação, ilustra o impacto dessa estratégia. Para evitar esses erros, ele recomenda três ações cruciais: encare a IA como parte de um processo contínuo, com treinamento e monitoramento constantes; mantenha o foco na experiência do usuário, validando toda ação com a pergunta: “Isso melhora a jornada do cliente?”; e invista em qualidade, garantindo que os registros alimentados nas ferramentas sejam
relevantes e bem estruturados.

Com o poder da IA vem a responsabilidade ética. Corrêa destaca a importância da transparência e do respeito. “É crucial sermos claros sobre quais dados coletamos e como os usamos”, afirma. Na sua empresa, essa sinceridade é um princípio fundamental e ferramentas como chatbots se identificam como IA, explicando como as informações fornecidas serão utilizadas. Além disso, é necessário garantir que os usuários tenham controle sobre seus dados, oferecendo opções claras de opt-in e opt-out, em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). “A IA pode personalizar a experiência do cliente, mas deve fazê-lo de maneira que construa confiança, não que invada a privacidade”, diz.

Aprendizado constante

Com a evolução rápida da IA, como as empresas podem se manter à frente? Corrêa sugere que a chave é uma combinação de experimentação contínua e aprendizado constante. As empresas devem
estar dispostas a testar novas ferramentas, como Gamma.app ou Rationale.jina.ai, que ajudam na criação de apresentações e análise de decisões. Participar de eventos e comunidades também é essencial para estar por dentro das tendências mais recentes. A parceria com empresas inovadoras que estão na vanguarda, como a Rosana.io, que aplica IA no marketing e vendas, também pode oferecer acesso a insights exclusivos.

Além disso, o especialista enfatiza a importância de definir métricas claras para avaliar a eficácia das ferramentas. Plataformas como HubSpot e RD Station podem ajudar a monitorar o impacto no funil de vendas e garantir que as tecnologias adotadas realmente impulsionam resultados.

A automação e a inteligência artificial estão apenas começando a moldar o futuro do marketing digital. Como Kenneth Corrêa observa, o mercado caminha para um futuro onde sistemas autônomos, com capacidade de aprendizado e adaptação, se tornarão ainda mais integrados às estratégias de marketing e vendas. E, com a combinação certa de tecnologia, ética e estratégia, as empresas poderão não apenas captar e converter leads de maneira mais eficaz, mas também criar experiências personalizadas e transparentes que estabeleçam uma verdadeira conexão com seus clientes.

“A IA não está ‘vindo’, ela já passou por cima”Alan Nicolas é um dos principais especialistas em empreendedorismo, tecnologia e marketing digital, conhecido por sua atuação inovadora no campo da IA. Fundou empresas que, juntas, alcançaram um faturamento de R$ 150 milhões e receberam prêmios importantes no setor de marketing direto. Além disso, é o criador do podcast Vida
Lendária e da Comunidade Lendár[IA], plataformas dedicadas a explorar o uso da IA para transformar tanto a vida pessoal quanto
profissional de seus seguidores.

Para ele, este cenário já não é uma promessa do futuro, mas uma realidade transformadora que está moldando o marketing digital de maneira irreversível. E decreta: está ultrapassando aqueles que ainda questionam se devem ou não aprender a utilizá-la. “A IA não está ‘vindo’, ela já passou por cima”, afirma, destacando que essa se tornou a nova infraestrutura invisível, essencial para realizar desde o diagnóstico do avatar do cliente até a personalização do call to action (CTA) em tempo real. Quem não entender isso ficará para trás, enquanto aqueles que utilizarem para escalar decisões, e não apenas tarefas, terão uma vantagem estratégica clara.

Ao falar sobre o futuro, Alan enfatiza a importância de conectar a tecnologia com a humanidade, uma visão que ele compartilha em seu podcast e na Comunidade Lendár[IA]. Segundo ele, o mercado atual está saturado de “ruído” e o que falta hoje não é mais um “hack” ou truque, mas uma verdadeira clareza de direção. “É saber dizer ‘isso aqui não serve mais pra mim’ e criar algo com identidade”, explica. Defende que, para se destacar no cenário digital, os profissionais precisam construir um sistema que os represente, ou então correrão o risco de se tornarem apenas engrenagens na máquina de outras pessoas. Ele alerta que a IA acelerará esse processo, seja para promover uma ascensão meteórica ou para evidenciar a irrelevância daqueles que não se adaptarem.

Falando sobre o impacto nos próximos anos, alega que este processo já está mudando a forma como o marketing digital opera: “A IA vai fazer desaparecer o que é raso. Isso já está acontecendo”. Ele acredita 20 tratar a solução como se fosse um “funcionário júnior”, limitando seu potencial. Alan explica que a chave para aproveitar de maneira eficaz é, primeiramente, ter clareza na estratégia, e só então começar. “IA não é sobre produzir mais. É sobre que conteúdos como copy genérica ou criativos sem contexto serão rapidamente descartados. A verdadeira diferença estará em como os profissionais de marketing a usam não apenas para produzir mais, mas para pensar melhor e personalizar as estratégias de forma mais eficaz.

Ele antevê um futuro em que sistemas entenderão a jornada emocional dos leads, ajustando a narrativa em tempo real e realizando retargeting baseado em intenções, não apenas em cliques.

Erros clássicos

No entanto, Alan também observa que muitos afiliados e empresas cometem erros no processo de implementação da tecnologia. Para ele, dois equívocos clássicos são comuns: o primeiro é tentar mecanizar a “bagunça”, ou seja, tentar usar IA para salvar funis de vendas mal desenvolvidos. “Se a estrutura não funciona, a automação só escala o erro”, alerta. O segundo é aprender mais rápido e decidir com menos ruído”, acrescenta.

A ética no uso também é uma preocupação central para Alan, especialmente no que diz respeito à captação e conversão de leads. Para ele, isso se tornou um diferencial competitivo no marketing digital. Os leads de hoje não querem ser empurrados por funis invisíveis; desejam ser convidados para uma jornada com propósito. Alan Nicolas reforça que a IA não precisa ser manipuladora, mas pode ser magnética, se usada com clareza e intenção. “Privacidade, transparência e contexto são ativos. Se não respeitar o timing, o espaço e o perfil do lead, você não vai só perder vendas, vai perder reputação”, alerta. Por fim, o especialista compartilha sua visão sobre como os profissionais podem se manter relevantes e competitivos nesta era. Afirma
que, para se destacar, é preciso adotar uma abordagem de “testar antes de entender, adaptar antes de esperar”. Não é necessário dominar todas as ferramentas que surgem, mas é fundamental desenvolver uma base mental treinada para pensá-la, e não apenas usá-la como uma ferramenta. O caminho ideal, segundo Alan, é dominar os princípios do mercado, como segmentação, copywriting e conversão, e integrar as novas soluções para amplificar esses princípios. “A IA não vai substituir os afiliados, mas vai colocar um holofote em quem tem estratégia e vai apagar quem só repete fórmulas”, conclui.