Home Conteúdos Visão do mercado e o futuro do iGaming Publicado em 17 de abril de 2025 Gabriel Castro, fundador do Real Poker afirma que com a nova regulamentação, o mercado de afiliados não acaba, mas haverá mudança na forma de atuar, já que muitos sites não conseguiram desembolsar R$ 30 milhões por uma licença para regularização, mudando completamente a dinâmica de todos que trabalham nesse segmento. Gabriel Castro, fundador do Real Poker, afirma que, com a nova regulamentação, o mercado de afiliados não desaparecerá, mas haverá uma mudança significativa na forma de atuar. Muitos sites não conseguiram arcar com os R$ 30 milhões necessários para obter uma licença de regularização, o que alterou completamente a dinâmica de todos os envolvidos nesse segmento. Mercado de Apostas Antes de entrarmos no mérito da questão, podemos categorizar o mercado digital em quatro nichos principais: PLR (Private Label Rights): Focado na venda de cursos online, seja como produtor ou afiliado. O diferencial é o baixo custo inicial, a diversidade de produtos e o alto potencial de lucro, devido à possibilidade de escala, permitindo alcançar milhares de pessoas. Dropshipping: Consiste na montagem de lojas sem a necessidade de estoque. Com baixo investimento inicial, é possível colocar uma loja no ar, com centenas de produtos, e escalar sem a necessidade de uma equipe operacional. Encapsulado: Relacionado à saúde, com alta demanda e margens de lucro atrativas, por supervalorizar o produto, como suplementos, oferecendo preços elevados baseados no potencial de resultados. iGaming: O mercado que mais cresceu nos últimos anos e continua em expansão. Oferece alta lucratividade e garante recorrência do usuário, com grande engajamento. “Há algo em comum entre eles: tem muito dinheiro na mesa e por isso é um mercado muito atrativo para as pessoas no digital, em especial, com essa explosão do mercado de afiliados, porque dá para pagar bem lá na ponta para quem está trazendo o cliente”, complementa Gabriel. Observando esse panorama, vemos o iGaming como mais um modelo de negócio que deu certo. Contudo, muitos profissionais que entraram nesse mercado nos últimos quatro anos acreditam que as apostas são uma novidade. Mas, na realidade, esse mercado já existe no Brasil há muito tempo. Cronologia histórica do jogo no Brasil Para entender melhor a recente regulamentação, assinada no final de 2023, que legaliza os sites de apostas no Brasil, é necessário olhar para a história. Tudo começa com o jogo do bicho, no Rio de Janeiro, embora iniciativas anteriores de loteria tenham sido pouco expressivas. Além disso, as apostas em corridas de cavalo foram legalizadas, e até hoje qualquer pessoa pode apostar em corridas, com destaque para os principais hipódromos de São Paulo e Rio de Janeiro. No governo de Getúlio Vargas, os cassinos foram legalizados e chegaram a operar entre 70 e 80 casas de jogos. Alguns dos maiores cassinos estavam no luxuoso Copacabana Palace, no Rio, e no Grande Hotel de Araxá, em Minas Gerais. Um cassino em Petrópolis (RJ), projetado para ser o maior do país, sequer foi concluído, devido a uma nova legislação que os proibiu. Essa nova lei transformou os jogos de azar em contravenção, mas não em crime, o que implicava penalidades mais brandas. Em seguida, o mesmo governo que proibiu os cassinos lançou a Loteria Federal, administrada pela Caixa Econômica Federal até hoje, com destaque para a Mega-Sena da Virada. Nos anos 1980, surgiram os títulos de capitalização, usados pelos bancos, permitindo que clientes guardassem dinheiro sem rendimentos e concorressem a prêmios semanais, o que configurava uma forma de jogo. Em 1990, a legalização dos bingos ocorreu, e muitas igrejas católicas começaram a realizar rifas e bingos para arrecadar fundos. Em 1991, o “Baú da Felicidade” e a “Tele Sena”, de Silvio Santos, entraram para a história, sendo exemplos de jogos baseados em sorteios realizados por meio da televisão. Em 1994, o jogo do bicho experimentou uma revolução com a introdução das maquininhas POS, automatizando a operação e ampliando o alcance do mercado. Mesmo sendo considerado uma contravenção, o jogo do bicho se popularizou. Nos anos 2000, os caça-níqueis ganharam destaque, até que, em 2004, sua operação foi proibida junto com os bingos. Em 2012, o Poker foi reconhecido como esporte no Brasil, sendo classificado como jogo de habilidade, o que contribuiu para o crescimento da modalidade. Mometo da revolução do mercado no Brasil Em 2018, após o impeachment de Dilma Rousseff, o governo de Michel Temer assinou uma lei sobre as apostas esportivas, permitindo que diversas operações de apostas online se expandissem. Em 2020, o Pix trouxe uma revolução, facilitando as transações financeiras e acelerando o mercado. Antes do Pix, a falta de opções de pagamento instantâneo dificultava as operações. Em 2021, a Secap/ME (Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia) passou a regulamentar rifas e sorteios com mais atenção. Recentemente, uma mudança importante ocorreu com a assinatura de uma nova lei em dezembro de 2023, que estabelece um prazo para regularização dos sites de apostas. Desde janeiro de 2025, as empresas devem pagar uma taxa de R$ 30 milhões por uma licença de operação válida por cinco anos para até três marcas. Isso pode levar muitas casas a operar de forma ilegal por não conseguirem arcar com esse custo, o que mudará a dinâmica do mercado. Em resumo, para Gabriel, haverá menos dinheiro na mesa, com uma maior distribuição financeira. No entanto, a mudança nas regras do mercado tornará a atuação dos operadores e afiliados mais qualificada. Para alcançar bons resultados, será necessário mais criatividade e seriedade. “O jogo sempre esteve aí. Então, esse capítulo que estamos vivendo é só mais um de todos esses episódios históricos. Provavelmente, terão muitos outros e, a qualquer momento, tudo pode mudar. Desta forma, o jogo não acaba, mas ele muda, conforme o mercado”, encerra Castro.